quarta-feira, 16 de julho de 2014

Vou postar 2 hoje para compensar o tempo em que fiquei sem postar.

Quinto Capítulo

Seu rosto já colado ao meu e me beijou, selou
nossos lábios e praticamente forçou que abrisse a boca para que me invadisse
com sua língua macia sabor hortelã.
Não ouvi mais nada. Então me soltou, ainda mantendo a menor distância
possível entre nossos rostos.
— Oi, amor.
— Oi. — não sei se respondi direito ou se sussurrei.
Ele se afastou e se pôs ereto, estava de terno e gravata, e não era um
desses de lojinha não, ele estava com um terno de marca, bem cortado e bem
caro pelo visto, mas tinha alguma coisa de diferente, os cabelos estavam
claros.
— Oi Sel. — ele cumprimentou.
— Oi Joe.
As meninas olhavam pra ele com a boca entreaberta, Ashley piscava o olho
sem parar, Sel sorrindo deu mais um longo gole de Chopp.
— Amor, por que não me falou que viria pra cá? — sua voz era segura e
suave ao mesmo tempo. Me segurou a mão me pondo de pé diante dele.
Precisava embarcar na dele!
— Desculpa, pensei que ficaria no trabalho até tarde.
— Não, sai ainda agora, por sorte passei por aqui e te vi.
Joe se inclinou e me deu um selinho.
— Deixa te apresentar minhas amigas! — ele me olhava com um estranho divertimento no olhar, deve ter pensado que agiria como das outras vezes, uma pateta! — Miley, a noiva do meu irmão, já te falei dela, Ashley, Tiffany, Christina e Taylor, Selena você já conhece.
— Boa noite, senhoritas.
Elas só faltaram derreter! Até mesmo Miley! Também... quem usa “ senhorita”, hoje em dia?
O cumprimentaram e antes que começasse a chuva de perguntas nos afastamos delas.
— Você veio! Você veio! — segurei em seu rosto, feliz da vida!
— Claro que vim, você me mandou o endereço, lembra?
— É, mas não achei que viria! Ah! Sei lá o que achei!
— Você tá chapadinha né?!
— Só um pouquinho — indiquei com o dedo.
— Deixa ver se é só um pouquinho mesmo.
Joe me puxou para um abraço apertado e não recuei, passei os braços em
torno de seu pescoço e ele abaixou o rosto para me beijar mas não beijou,
ficou brincando, me fazendo buscar pelos seus lábios enquanto ele recuava,
sorrindo, e me dava acesso e quando avançava, me negava, minha vez de sorrir e ele
tocou meus lábios com sua língua, senti um calafrio na espinha.
Joe tomou minha boca, deslizando sua língua em meus dentes antes de
encontrar a minha e puxa-la nos lábios, meu corpo inteiro entrou em combustão.
Depois um beijo de língua normal e uma mordida no meu pescoço logo
abaixo do lóbulo de minha orelha. Naquele instante pude ver que as meninas
não tiravam os olhos de nós e Letícia ainda estava boquiaberta.
Joe continuou brincando com meu pescoço, me arrepiando inteira.
— Agora é um bom momento pra sairmos daqui.
— Também acho. — respondi revirando os olhos.
— Me dá um minuto.
Théo arrumou os cabelos e se afastou para dentro do bar.
Enquanto isso fui me arrastando das nuvens até a mesa.
— Demi, quem é esse homem? — Miley estava se roendo de curiosidade.
— Hmmm... — fiquei fazendo charme.
— Sel não quis contar! — agora era a vez de Taylor se morder de
curiosidade.
— É... meu...
Joe me interrompeu puxando pela minha cintura, me fazendo girar em meu
eixo e me beijou mais uma vez.
— Meninas, as rodadas anteriores foram por minha conta.
— Ah! Como assim? — Sel olhava espantada.
— Como assim que agora vou levar a minha garota de vocês.
Minha garota? Gente, quem fala isso? Minha garota?
Me despedi rapidinho com um tchau bobo com a mão apressada e fui
praticamente arrastada aos risos e gargalhadas, e como dois amantes
apaixonados fomos embora.
No estacionamento do Edifício garagem Joe se aproximou do Hyundai Sonata preto e as portas se destravaram.
— Esse carro é seu ou você alugou só pra me buscar?
— É meu. Entra.
— Pra onde a gente vai?
— Para o seu apartamento.
— Ah não... Você me tirou no melhor do Chopp...
— Você já está bem chapadinha, Demi. Precisa se controlar ou pode
acabar soltando a língua.
— Você é um chato! Lindo de morrer, mas um chato!
Ele riu mais uma vez de mim! Balançando a cabeça.
Não me lembro de muita coisa depois disso, só uns momentos em flash,
lembro dele ter aberto minha bolsa, mais beijos, o rosto dele sobre o meu,
como se estivesse olhando um anjo descendo do céu. E... e... não lembro.
Acordei com o despertador do celular, abri os olhos com uma preguiça
horrível! E uma dor de cabeça de lascar!
Aí me dei conta de que estava em casa, estava mesmo em casa, na minha
cama, enrolada no lençol feito um casulo, e estava nua! Ai meu Deus! O que
aconteceu? Minha roupa estava dobrada em cima da cômoda. Foi
espontâneo, passei a mão entre minhas pernas e estava um pouco úmida. Mas que
caralho eu fiz???
Primeira coisa depois do banho e foda-se que eram seis da manhã! Ligar para o Joe.
Mas o filho da puta deixou o telefone desligado! Desgraçado! Ai, minha
cabeça doía tanto! Acho que bebi muito além do que supunha.
Encontrei com Sel no elevador do prédio em que trabalhávamos no Centro do Rio, estávamos ambas com um copo de café em punho e óculos escuros
pra cobrir a vergonhosa ressaca.
— E aí? Deu?
— Bom dia pra você também, Carolina.
— Bom dia é o caralho, ele te comeu ou não?
— Não... sei.
— Como é? Ouvi direito?
— Não sei, tá legal? Não sei!
— Tá me zuando né?
— Ah antes estivesse... — passei a mão nos cabelos, estava aflita.
— Que perigo, Demetria!
Descemos no nosso andar e andamos em silêncio até nossas mesas.
— E você acha que eu não sei? Tô aqui em pânico!! — gritava em sussurro,
tentando conter meus maiores medos.
— Esse pessoal pode ter Aids! Gonorreia! Sifilis! HPV... — ela também
gritava em um sussurro abafado
— Já entendi Selena! — minha voz saiu um pouco mais alta que o planejado
— Já entendi porra!
— E a gente nem pensou em pedir um teste desses de DST!
— A gente? Eu, você quer dizer! Além do mais nenhuma de nós duas
pensou em mais nada depois que ele entrou lá no meu apartamento!
— Lembra que você disse que ele perguntou se era pra fazer com homem
ou mulher? Então... Ai amiga, que merda! Que merda!
— Que cu! Tô fudida! Pior que acordei nua!
— Que merda! Que merda!
— Com a xereca molhada — praticamente fiz mímica pra dizer aquilo.
— Que merda do caralho! E agora? Já tentou falar com ele?
— Claro! E só escuto aquela vagabunda dizendo que minha chamada será
encaminhada para a caixa de mensagens!
— E estará sujeito a cobranças após o sinal... — Carol completou fazendo
graça com a minha desgraça — E tá faltando alguma coisa na sua casa?
— Não! Tudo ok. — respirei fundo, apavorada — Não sei o que fazer!
— Liga agora pro laboratório e pede um exame completo de urgência!
— Sem a prescrição médica?
— Alooow! — Sel mostrou um papel de Atestado de Saúde Ocupacional.
Foi exatamente o que fiz, politicamente incorreta, utilizei um dos contratos
com um laboratório e fui fazer o exame, próximo ao primeiro local onde nos
encontramos, na rua do Ouvidor, confesso que fiquei andando meio que
procurando por ele, mas é óbvio que não o encontrei.
Assim que pisei fora do laboratório meu celular tocou. Atendi de imediato.
— Joe!
— Nossa! Bom dia! Quanta saudade... — ele estava sendo sarcástico!
— Joe, pelo amor de Deus o que aconteceu?
— Como assim o que aconteceu? — ele parecia ofendido!
Ai que merda! Ele me comeu e o pior é que eu nem lembro!
— O que aconteceu com.... a gente...
Ele deu um tempo do outro lado, o que me deixou ainda mais nervosa.
— Demi, você usa pílula?
— O que??? — tenho plena consciência de que dei um grito no meio da
Avenida Rio Branco
— Perguntei se usa pílula, afinal você está no seu período fértil.
— Como assim eu tô no meu período fértil? Seu maluco! Você... você...er...dentro?
Mentalmente e no meio de toda aquela confusão de pensamentos, fiquei
tentando lembrar de uma farmácia próxima! Pílula do dia seguinte!
Finalmente ele teve dó e se pôs a rir com vontade!
— Fica calma, é brincadeira.
— Que parte? Foi fora pelo menos? Você usou camisinha? A gente...
— Demi. Demi! Não aconteceu nada.
Me deu um alívio imediato, senti meu corpo flutuar e de repente bater com
tudo no chão ilusório dos meus pensamentos.
— Por que não aconteceu nada? Se acordei nua! Por acaso eu sou indesejável?
— Não mesmo... Foi deveras um esforço sobre humano não enfiar a pica na
sua boceta. — ui! Primeiro ele fala todo polido pra depois mandar esse
linguajar chulo.
— Então... por que... por que...
— Nós temos um acordo comercial, senhorita, não um encontro romântico.
— sabe balde de água fria? — Portanto, seria no mínimo ante ético da
minha parte usufruir do seu maravilhoso corpo por puro prazer, meu prazer, já que a
senhorita estava praticamente morta.
— Não aconteceu nada. — constatei num misto de surpresa, tranquilidade e
contraditoriamente inquietação e frustração.
— Não mesmo. Mas pensando muito sobre o assunto, lembrei-me de algo
imprescindível, um exame de sangue, estou à caminho do laboratório
resolver esta questão, espero que faça o mesmo. Para o caso da senhorita aditar nosso
contrato com novas cláusulas.
— Engraçado, o senhor, falar disso, pois foi exatamente o que acabei de
fazer! — atravessei a rua quando o sinal fechou para os carros.
— Excelente.
— Excelente. — remedei o jeito dele falar.
— Não se esqueça dos meus cento e cinquenta. Mandei um sms com a
agência e conta em que deve depositar o valor, pelo que vi na sua carteira, é
mesmo banco. Faça a transferência ainda hoje, para que possamos prosseguir
com nosso acordo.
— Sem dúvida farei.
Dá pra acreditar nisso? Esse cara é muito louco mesmo!
Me joguei na cadeira de rodízio e ouvi as rodinhas da cadeira de Sel
deslizando pelo carpete.
— Que cara é essa?
— Joe ligou.
— Ai meu Deus, vocês fizeram? Ele tem alguma doença? Você tá grávida!
— Para de falar besteira! Não aconteceu nada.
— É? Por que não?
— Seria “ ante ético”.
— Vixi! Amiga, esse cara é um profissional do sexo e leva isso muito a
sério.— Percebi.
— Mas você não parece muito contente com isso.
— Ah! Sei lá...
— Demi você tá apaixonada pelo Joe?

Continua...

domingo, 13 de julho de 2014

Sexto Capítulo

Apaixonada pelo Joe... apaixonada pelo... apaixo...
— Não! Tá maluca!
— Olha nos meus olhos!
Nos encaramos, eu com cara de tédio, ela me examinando como se fosse
um médico oftalmologista.
— Que porra... Você tá apaixonada — de repente começou a sussurrar meio
irritada — Você tá apaixonada por um garoto de programa! Sua louca! Não
pode! Você tá cheirada?!
— Eu não tô apaixonada por ele! — sussurrei de volta
Nosso chefe apareceu e fomos deslizando suavemente para baixo da mesa,
fingindo arrumar os fios do computador.
— Demi! Admite! Você está sim a fim do Joe!
— Não tô! Foi só um beijo!
— Você tá sim e foi de antes do beijo! Muito antes!
Aquilo foi estranho, meu coração martelando enquanto eu me sentia um
nada perto da Sel. Me apaixonar por um garoto de programas? Isso não
funciona!
Saímos de debaixo da mesa pra parar debaixo dos pés do nosso chefe que
nos fez de tapetinho por causa do documento desaparecido! Que ódio! A
culpa nem foi nossa! E nessas horas ninguém assume o feito, pelo contrário.
Caraca, prioridade número um, arrumar um novo emprego, que aquele cara já estava
dando no saco!
Joe mandou o sms com os dados bancários de uma empresa e eu
depositei, fiz questão de mandar o comprovante por mensagem. Ele agradeceu.
Passei a noite como de costume, sozinha olhando as sombras se formarem
no vai e vem do farol dos carros. Desejando que ele estivesse comigo, minha
mente só formava sua imagem, e não conseguia esquecer dos seus beijos,
nenhum deles.
“ Para o caso da senhorita aditar... ” Ele sabia exatamente do que estava
falando, ninguém sai por aí falando em aditar cláusulas contratuais...
Naquele instante dei um salto da cama e liguei o notebook, uma ideia
absurda passou pela minha cabeça, mas sei lá! Como um prostituto iria
comprar um carro daqueles? Do ano? Por que a agência e conta não eram pessoa
física e sim jurídica?
Alguns minutos depois estava no site da Junta Comercial do Rio de Janeiro
pedindo a verificação dos dados da empresa, com o CNPJ que apareceu pela
transferência. Galáctica S/A. Não apareceu o nome Joe, ou Joseph ou
nada similar, mas sem dúvida na segunda-feira teria minhas respostas.
Passei o fim de semana em casa, estava fugindo das perguntas das meninas
porque no fim das contas não combinamos nenhuma história pra contar
sobre nosso amor.
Inesperadamente, no domingo pela manhã, e era cedo, meu celular tocou,
Joe, me acordou.
— Hmm...
— Bom dia, Demi. Acordei você pelo visto.
— Uhumm...
— Estou ligando pra te convidar pra tomar café da manhã comigo. Você quer?
— Tá falando sério? — respondi sonolenta.
— Estou. Muito sério. Podemos nos ver em uma hora?
— Tá.
— Coloque um traje de passeio.
Traje de passeio, esse cara tinha trinta ou sessenta anos? Traje...
Eu coloquei o bendito traje de passeio, do meu jeito, claro, que nem a pau
passaria meu domingo toda embonecada. Fiz um rabo de cavalo, vesti um
short jeans e uma camisa polo azul, tênis rasteiro e pronto.
Joe pontualmente às oito da manhã, surgiu no seu carro pra lá de lindo e
nos levou para o jardim botânico, imprevisível, mas legal. Ele estava de
calça Jeans e blusa também polo cinza chumbo, parecíamos ter combinado nos
vestirmos daquele jeito.
Ele pendurou os óculos na blusa e me levou pela mão, tocou nossas mãos e
me senti estranhamente desconfortável.
Nos sentamos e ele pediu o café completo.
Então iniciou sobre o real motivo de seu convite.
— Demi, a gente precisa definir algumas coisas, por exemplo, nos
conhecemos na livraria, vamos continuar assim?
— Acho bom...
— Ótimo, qual sua cor preferida?
— Azul. Preto. Às vezes rosa.
— Qual seu time de futebol?
— Time de futebol? Nenhum! Odeio futebol!
— Ok, somos dois, mas se perguntarem insistindo muito, diga que é
América. Alguma coisa que queira saber especificamente?
— Você acha mesmo meu corpo bonito?
— Maravilhoso. Ainda mais no período fértil.
— Como é isso? Como... sabe...
— Não precisou muito pra você ficar toda molhada e eu sinto o cheiro do seu hormônio.
— Ai meu Deus eu não ouvi isso.
— Relaxa, não estou falando nada demais, além disso, conheço bem as mulheres.
Fiquei calada por um tempo, sem encará-lo.
— Você está incomodada com isso né?
— Com o que?
— Demi, não sou estuprador, nem ladrão, nem nada do gênero. Tenha
isso em mente.
Obs.: Gente, o nariz dele é perfeito, o rosto dele é perfeito e estava ainda
mais bonito com os cabelos mais claros. Será que ele vai mudando de estilo
como um ator? Dependendo do personagem? Ah! Por mais que estivesse me
roendo pra saber, não iria perguntar, sei lá, de repente ele me acha uma louca
intrometida...
Mal havíamos terminado o café da manhã e o celular dele tocou, como um
toque de telefone antigo, ele franziu o cenho muito sutilmente ao olhar para
o visor, pediu licença e se afastou da mesa, ainda que não pudesse ouvi-lo, fiquei
observando, mão no bolso da calça, sério, ouvia mais do que falava, vez e
outra me olhava e eu sorria de volta, um sorriso simples, seja lá o que estivesse
acontecendo o fazia ter uma postura diferente da habitual descontração e
desenvoltura.
Voltou, sentou-se e sorriu ao mesmo tempo que suspirava.
— Onde paramos?
— Na sua índole imaculada. — isso o fez rir, e em seguida ele pegou
um iphone do bolso. Nossa ele tinha dois celulares? Ele deve ser muito
requisitado.
— Azul... Preto... Rosa... — ele estava escrevendo as cores que havia dito?
— Comida e bebida?
— Feijoada e cerveja — ele sorriu e anotou.
— Música?
— Samba e Justin Timberlake. — Agora me olhou de lado, confuso, mas
anotou. Joe estava mesmo me entrevistando?
— Que tipo de samba?
— Todos os que tocam em uma feijoada.
— Quais são? — Como assim ele não sabia?
— Arlindo Cruz, Revelação, Fundo de Quintal, meu preferido, Seu Jorge...
— Você sabe sambar?
— Fui passista da Mocidade Independente de Padre Miguel, isso responde
sua pergunta?
Joe estava de boca aberta, chocado e divertido.
— Muito interessante. Então você gosta de uma diversão mais popular.
— Popular? Não, eu diria tradicional.
— Do que mais você gosta? — agora era o Joe quem perguntava, não o
namorado de aluguel que precisava decorar meus gostos.
— Gosto de cinema, mas só pra ver comédia, não me chame pra filme de
terror que eu odeio levar susto, ficar tensa ou chorar pela morte de gente que
nem é real. Também gosto dos vídeos da Porta dos Fundos e sou tipo, muito fã
mesmo e viciada em Fábio Porchat! Ele é o máximo!
— Melhor que o Adnet?
— Infinitamente melhor! Nossa! Sou fã mesmo número um dele! Porra! E
do Luis Lobianco que fez o vídeo... — não consegui concluir a frase porque me
deu um ataque de riso só de lembrar, quando dei por mim, Joe estava com o
cotovelo apoiado na mesa, e sua mão segurava um rosto sorridente, estava 
prestando atenção em mim, então tentei ser o mais normal possível e concluir o
pensamento
— Ai, desculpa, — limpei a lágrima que resolveu aparecer de tanto que eu ri
— O vídeo é dos dez mandamentos, adoro esse e o do aniversário também! Ah!
Você já viu o vídeo “ é pau é pedra”?
— Ainda não. Como é?
— Ah não vou contar não, você tem que ver! É muito bom.
— Você é fã mesmo hein?
— Ai desculpa. — sabe quando cai a ficha da tietagem? Então.
— Que nada, é bom ver você mais solta, saber do que gosta, é importante
pra eu ser o mais verdadeiro possível nesse namoro de faz de contas.
— Joe, você já fez isso antes? Quero dizer, pagar de namorado?
Ele negava com a cabeça lentamente enquanto sorria com malícia.
— Mas isso é ruim pra você? Tipo, sem....
— Sem fuder?
— É.
— Adoro esse seu “ é”. — de repente ele se pôs sentado corretamente e
começou a digitar no iphone enquanto me respondia — Não, Demetria, isso
não é ruim, pelo menos não com você.
Hã? Estou entendendo certo? Ele disse que não era ruim por ser comigo?
Ou eu é que queria interpretar dessa maneira?
— Meus amigos me chamam por apelidos, raramente de Demetria. — achei
melhor informar.
— Que apelido?
— Apelidos. Demi, Demizinha, Dem, Dê, DemDem...
— Nossa, muitos apelidos.
— Meu irmão me chama de Abelhinha.
— Abelhinha? Por quê?
— Meu nome significa abelha e meu pai e Junior sempre me chamaram assim.
— E seus pais? Moram longe?
— Aham. No céu. — ele ficou desconfortável e lamentou — Tá tudo bem.
— amenizei — Faleceram tem um tempo. Eu tinha vinte e três anos.
— Um tempo? Quantos anos tem?
— Quantos acha que tenho?
— Achava que vinte e cinco, mas como disse que tem um tempo, então sei
lá uns vinte e sete?!
— Trinta.
— Impossível.
— Muito possível. E você? Tem o que? Trinta e dois?
— Trinta e quatro.
Não pude evitar sorrir com as coisas que estavam passando pela minha
cabeça, então mandei mais um gole de suco de laranja pra dentro, a fim de
abafar o sorriso tosco.
Ele percebeu, obviamente, que estava pensando em alguma coisa, mas teve
a delicadeza de não perguntar o que era.
Continuamos a conversar, ele anotou as datas dos compromissos, reuniões,
ensaios de casamento e aconteceu uma coisa estranha... Quando perguntou
aonde seria o casamento, e respondi, ele ficou tenso. Estranhíssimo.
— Vai ser na pousada dos meus tios, em Penedo. — Foi nesse instante que
ele meio que travou os músculos do ombro.
— Que lugar de Penedo? Exatamente? — Parecia uma pergunta casual,
mas sei lá...
— Na última pousada, seguindo uma estradinha... Bem no pé da montanha,
Pousada Lua de Mel.
Joe deu uma relaxada de leve aquiescendo.
— Quer dar uma volta? — Mudou de assunto de repente.
Aceitei o passeio e apesar dele me convidar pra almoçar e eu querer
realmente aceitar, precisava arrumar meu apartamento... colocar umas roupas
pra lavar, aproveitar o tempo bom, pra ele era fácil passar as manhãs atoa...
Adoro tirar o sapato pra ficar passando os pés com a meia calça lentamente
no piso acarpetado do escritório, um prazer quase sexual. Estava nesse
momento quando Sel chegou, atrasadíssima, se instalou na mesa ao lado da minha,
estava pilhada.
— Bom dia.
— Bom dia, Sel. — ela já foi ligando o computador, tirando uns papéis
da bolsa e o celular.
— Que foi?
— Ansiedade, fiz merda. Olha isso.
Era uma mensagem da Miley, Ashley estava em cólicas querendo saber
quem era o homem do bar. Há! Sabia que ela estava se mordendo. Piranha,
filha da puta!
Sel foi me mostrando uma sequência de mensagens trocadas com minha
cunhada Miley, onde o ponto máximo parou na palavra “ noivos”.
Voltei e li novamente:
Mas como assim ela arrumou uma pessoa de repente? – M
Amor à primeira vista! – S
Ashley disse que deve ser mais um namoro passageiro... – M
Ashley é uma invejosa do caralho! Pode dizer a ela que é mais sério que
ela imagina – S
Sério quanto? (Roendo unhas de curiosidade) – M
Estão noivos,

Continua...

Quarto Capítulo


deixou um beijo em minha bochecha pegando uma
pontinha ínfima dos meus lábios, senti meu ventre contrair no mesmo
instante.
— Tchau.
— Tchau. — ele se foi, fechei a porta.
Selena me olhava com as mãos tapando a boca aberta. Arrastei meu corpo
até o sofá e me sentei. O cheiro dele ficou na almofada, fechei os olhos
inalando.
— Esse cara, não é de agência, não sabemos nada sobre ele, mas se você
não ficar com ele, juro que fico! Dou meu salário inteiro na mão dele!
— Nem sei o que dizer.
— Amiga! Pelo amor de Deus! Esse cara é tudo! Não só combina com você
como põe o Wilmer no chinelo! E a Ashley, aquela ladra de namorados, vai se
rasgar inteira!
— Me comportei como uma maluca! Como uma colegial boba!
— Tá muito explicado porque comprou aquele livro de culinária infantil.
Gente que homem! Seguro, com atitude, liiiiindo, e se ele tiver aquilo que
estava no site...
— Para Selena! Não vou dormir com ele! Não vou!
— Só se você for trouxa...
— Me tira uma dúvida, na hora em que ele foi pegar a bebida, por acaso
você estava mesmo manjando o pau dele ou foi impressão minha?
Sel deu uma risada e se jogou pra trás no sofá.
— Vamos sair?! Essa noite tá pedindo uma saída!
— Sel...
— Vamos!
Nós saímos, foi ótimo, dançamos, cantamos e bebemos, foda foi voltar pra
casa sozinha.
Fiquei um par de tempo olhando o teto, as sombras ocasionadas
eventualmente pelo farol dos carros que passavam. Joe, seria só isso
mesmo ou de repente Joseph? Ou algum nome estranhíssimo?
Joe. Adormeci com ele nos pensamentos.
E não eram nem oito e meia da manhã de domingo quando resolvi ligar de
uma vez.
Uma voz pra lá de sonolenta atendeu, puta que pariu acordei o cara!
Desliguei.
Ele retornou. Atendi. Fiquei muda. Senti que ele sorria, dá pra saber quando
a pessoa está rindo!
— É você, Demi?
— É. Amm... Oi.
Senti a cor sumir do meu rosto. Micão! Precisava achar um motivo por ligar
no domingo cedo!
Ouvi Joe bocejar e se espreguiçar, ele ainda estava rindo, que bom saber
que meu constrangimento o divertia!
— Desculpe ligar tão cedo no domingo, tenho certeza de que o acordei,
desculpe. — pronto, agora me pus a matraquear... aff... — É que fiquei com
uma dúvida, na verdade a gente não acertou nada, mas é que quanto sai... é...
quanto custa você?... Digo... — ele estava rindo! Rindo e rindo de mim! —
Quanto fica com beijos? — pronto falei!
— Beijos. Que tipo de beijos?
— Como assim que tipo de beijos? — minha mão estava tremendo, Jesus
Cristo, que absurdo.
— Ora, Demi, que tipo de beijos? Selinhos, beijos simples de boca aberta
e sem língua, beijo de língua... ou... o meu beijo.
— Como assim, seu beijo? Você por acaso tem um beijo?? — agora ele
estava tirando uma com a minha cara.
— Patenteado.
— Tá de sacanagem comigo?!
— Bem que gostaria de estar...
Fiquei muda e gelada, senti um arrepio estranho, calma Demetria, deixa de ser
tão carente!
Mas a verdade é que estava há quase um ano me contentando com um
vibrador de clitóris que a essa altura não estava prestando pra porra
nenhuma!
— Joe, de quanto é o acréscimo por beijo seja lá qual for? — tentei ser o
mais profissional possível, afinal era uma gestora contratual! Como assim
que de repente desaprendi a falar com um fornecedor?
Ele suspirou — Não vou cobrar pelos beijos, nenhum deles, entre a ponta
dos fios de seu cabelos até o busto e da ponta dos seus pés até o alto de suas
coxas, tá bem assim?
— Tá bem assim, obrigada pela informação e desculpe mais uma vez pela
hora.
— Era só isso?
— É. — Mais que merda, caralho!!! Novamente aquele "É" que mais parece
uma desculpa!
— Ai...ai... — ele se recuperava de uma boa risada — E quando vai precisar
de mim? Tenho que fazer a agenda do mês.
Agenda do mês? Meu Pai celeste, nunca imaginei que esse pessoal tinha
agenda! Ah! Que ignorância! Claro que eles tem agenda, pra saber com quem
quando!
— Semana que vem vou me encontrar com umas amigas na quinta-feira, pra
um Chopp, elas são as madrinhas do casamento, a noiva também vai estar lá.
— E o que quer que eu faça?
— Eu... não sei.
— Tá, já vi que é a primeira vez que contrata um serviço desses. Manda
uma mensagem com o endereço de onde estiver que eu vejo o que posso fazer por
você. Quinta que vem?!... — ouvi uns barulhinhos de gemido, os pelinhos
da minha nuca se arrepiaram. Ele continuou com o barulhinho, era algo
como hmmm...
— O que... o que você tá fazendo?
— Hmm’anotando. — será que ele pode por favor Senhor, ser menos
sensual? — certo Dona Demetria. Qualquer coisa me avise. Tchau.
— Tchau.
Ele desligou e corri para minha gaveta de calcinhas, isso estava me
deixando fora da realidade, totalmente!
Depois de aliviar a tensão daquele homem gostoso gemendo no meu ouvido
pelo telefone, fui tomar um banho, frio pra ver se abaixava a temperatura.
A verdade é que não estava certa de que ele era o cara ideal pra essa
missão, Joe era muito homem, aonde por acaso ia dizer que o conheci?
Não havia pensado nisso! Será que digo que foi na academia? Assim justifica
aquele corpo maravilhoso que ele tem... Mas minhas amigas sabiam que eu mal
pisava em uma academia. Que trabalha comigo também não, será que ele sabia falar
sobre administração de empresas? Ah! Deveria sim, afinal ele administrava a
empresa dele né?!
Passei o domingo pensando no assunto, mas nada que me impedisse de
viver.
Sel e eu fomos ao cinema, adoro ir ao cinema em dia de domingo,
infelizmente ou felizmente ela acabou encontrando uma “ ex amiga” da época
da faculdade e fiquei meio que sobrando, de vela.
A bissexualidade de Sel sempre foi o que mais me orgulho nela, nos
conhecíamos desde... sei lá, desde sempre, morávamos no mesmo prédio,
brincamos juntas, estudamos juntas, fizemos recuperação juntas, faculdade,
muita coisa com aquela magricela maluca.
Éramos muito amigas e muito parceiras também, fui uma das primeiras a
saber que ela estava se interessando também por meninas, na mesma época
que ela acobertava minhas saídas pra namorar escondido.
Conhecemos Ashley na faculdade, passamos a ser três amigas, até que
entrei no banheiro da boate em que estávamos e vi o Wilmer, meu ex comendo
ela por trás, a saia dela parecia um cinto atado na cintura, ele com a calça jeans
pela  metade da coxa.
Sabe qual foi a pior parte? Já havia bebido todas e mais um pouco, me virei
no primeiro vaso que encontrei livre e menos sujo e comecei a vomitar, de
cachaça nas ideias, de nojo deles, de raiva, de susto, e quem segurou meu 
cabelo foi ela, e foi ele quem apoiou meu corpo pra eu não cair de cara no vaso,
tamanha minha tontura alcoólica!
Fiquei ouvindo os dois se explicarem na semana seguinte, imagina só, ter
de ouvir do meu namorado de quase quatro anos que ele e minha amiga
estavam apaixonados, ela dizendo que não foi por querer, ele que Ashley era a mulher
de sua vida, e ambos me agradecendo por tê-los apresentado.
Deveria ter arrebentado os dois de porrada, deveria ter tocado fogo neles!

Mas ouvi tudo calada, sufocando um bolo enorme na garganta, prendendoos
lábios nos dentes enquanto meu corpo tremia inteiro de ódio.
Fiquei sentada de braços cruzados enquanto eles acabavam comigo.
Sel voltava de uma má sucedida campanha amorosa com essa ex dela
que encontramos no cinema, e nos acabamos de tanto beber caipirinha.
Mas isso tudo aconteceu há muito tempo... mentira, faria um ano naquele
mês de junho.
Inferno.
Segunda-feira chata, terça-feira ótima, meu chefe resolveu nos presentear
com sua ausência, quarta-feira tediosa e quinta-feira de quebra pau, sumiu um
documento importante, procuramos em tudo quanto foi arquivo e nada,
sobrou na pasta somente a cópia, que não tinha validade legal nenhuma! 
Daria uma enrabação geral, sem dúvida!
Mas sabe quando respirei aliviada? Quando dei a primeira golada no meu
Chopp. Tipo, amanhã a gente vê a merda que vai dar.
Meu rosto paralisou no meio da segunda rodada quando vi aquela vadia da
Ashley chegando com a Miley, minha cunhada. E a cachorra estava linda, de
calça de couro marrom e blusa vermelha. Ai que ódio que me deu por estar de
calça social preta e blusa de um ombro só branca coberta por um terninho.
Sel me olhou preocupada, mas fui super educada.
Taylor, Tiffany e Chritina também me olharam, mas sorri de volta e vi Tiffany
fazer mímica de “ fica calma”. Não pensei duas vezes em mandar o endereço
do barzinho para o Joe.
Não comi nada, não queria ter que mastigar, acho que não suportaria, fiquei
bebendo e bebendo e bebendo até ficar entre aquele estágio de estou bêbada
mas levemente consciente.
Minhas amigas riam muito com as coisas que dizia e estava falando sério e elas rindo, Ashley também ria e fazia a linha de “ não tem nada de errado aqui", vadia.
De repente, elas pararam, ficaram sérias. Sel abriu um sorriso desses que
mostra todos os dentes, e eu lá falando merda atrás de merda.
Foi quando senti um par de braços fortes em volta do meu corpo, o
perfume Armani e me virei pra olhar


Continua...

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Terceiro Capítulo


Gaguejei.
— É... oi... é... eu.. é...
— Quer marcar um programa. — ele perguntou ou afirmou?
— É. — minha voz saiu quase que um pedido de desculpas!
— Mulher ou homem?
— Mu-mulher... mulher!
Pude sentir que ele sorria do outro lado da linha, meu Deus que ódio de
mim!—
Tá, uma mulher... várias mulheres... só mulher...
— Só eu.
— São cento e vinte a hora, vaginal, a posição que você escolher, não faço
chuva de cor nenhuma, dourada, negra, e não aceito isso também, nada com sangue, crianças, animais ou árvores... — Crianças?? Árvores?? Ele
continuou com as condições e precisei interrompe-lo.
— Moço. Moço! — ele se calou — Sou só eu, sem vaginal, oral ou anal.
— ele ria do outro lado da linha, uma risada gostosa, Selena segurava a boca, até
então não havia tido nenhuma conversa assim, na agência era diferente, só
precisei dizer que queria um acompanhante para um fim de semana
prolongado e pronto!
— Isso é trote, moça? Se for, não ligue, não posso ficar ocupando essa linha
com besteiras e...
— É sério! Só preciso de um acompanhante.
Ele ficou mudo. Será que estava pensando?
— Certo...onde podemos nos encontrar?
— Anota o endereço.
Passei meu endereço a ele enquanto Sel ficava gesticulando que era
louca, pra não fazer isso. Mas eu fiz! E depois fiquei morrendo de medo!
Foram mais de um século pra ele chegar, na eternidade de quarenta e cinco
minutos, meu coração estava saindo pela boca! Sel resolveu manter um
spray de inseticida à mão, afinal de contas, a gente não tinha spray de pimenta
nem gás lacrimogênio!
A campainha tocou, Sel se levantou num pulo e olhou pelo olho mágico,
se virou pra mim, com uma cara insana, a boca se abrindo aos poucos até
formar um O, estava eufórica, se abanava com uma das mãos e a outra no peito. 
Fui até porta, ele tocou novamente a campainha, olhei pelo olho mágico, mas ele
estava apoiado na porta, cabeça baixa, só vi seus cabelos repicados.
Franzi o cenho, Sel foi para o sofá, do lado oposto ao que havia escondido
o spray de inseticida.
Respirei fundo e abri a porta.
O cara levantou o rosto e eu congelei. Ao mesmo tempo que minhas pernas
tremeram.
Ele sorriu, fazendo que não com a cabeça, umedeceu os lábios com a língua
e voltou a sorrir de lado.
O cara da livraria.
Fiquei tão sem ação que ele levantou as sobrancelhas, esperando que eu
dissesse algo, como não disse, fiquei feito uma retardada na porta,Sel
veio em meu socorro, me puxou de leve para um lado e o convidou pra entrar.
Senti o ar sair dos meus pulmões. Eu estava prendendo a respiração????
Que ridícula!!!
Espera! O cara culto da livraria era um garoto de programa??? Meu Deus!
Esse mundo tá perdido!
— Oi, me chamo Sel, essa é a Demi. Senta aí. — Sel indicou o sofá e
ele sentou justamente onde ela havia escondido o spray.
Ele se recostou e sentiu algo o incomodando, puxou a lata de inseticida e fez
uma cara de “ eu hein”, deixou a lata no chão, ao lado dele e ficamos super
sem graça.
Estava tão bem vestido, uma calça social cinza matizada, sapato social preto, camisa polo da Lacoste preta, relógio de prata, quando passou por
mim senti um cheiro bom, tinha quase certeza de que era um perfume Giorgio Armani,
mas sei lá, estava tão desorientada de ver o cara ali que me perdi nos
pensamentos.
Me sentei na poltrona de frente pra ele, Sel no sofá, mas na outra ponta.
Ele ficou com pena da gente e começou a falar, parecia que era ele quem
estava nos contratando!
— Podem me chamar de Joe. Então meninas, qual de vocês precisa dos
meus serviços?
Levantei a mão meio envergonhada, Deus!!!! Voltei pra sexta série!
— Tá, é... Dani...
— Demi. — corrigi. Que mania que as pessoas tinham de trocar meu
nome por Demi, nada a ver!
— Tá legal, desculpe, Demi. Quando você disse sem vaginal, oral ou anal,
o que tinha em mente? Ir em algum evento com você? É isso?
— Isso.
— E, você não tem namorado? — ele parecia incrédulo, enquanto
gesticulava, era tão desenvolto...
— Nnnnão.
— Eu já vi que essa conversa vai ser longa. Posso? — ele indicou o
pequeno bar que tinha próximo a televisão.
Fiz que sim com a cabeça e ele foi lá, se servir, como se estivesse em casa!
Sel abriu a boca mais uma vez e abriu as mãos também, fazendo mímica,
“ nota dez” mexeu os lábios.
— Demi, toma alguma coisa comigo? — ele estava me oferendo minhas
bebidas?? — Sel? — ela fez que não, ele me olhou esperando eu
responder.
— Uma tequila. — eu estava aceitando??!! Ai meu coração tinha que parar
de pular daquele jeito!
Ele se serviu de uma dose de Absolut e misturou com alguma outra coisa,
voltou com os copos, me entregou um, agradeci e ele os bateu num brinde
mudo.
Voltou a se sentar, visivelmente mais relaxado, de pernas cruzadas.
— Que tipo de evento é?
— Meu namorado vai casar com o padrinho do meu ex irmão...
Joe virou o rosto confuso e Sel deu uma gargalhada, só então percebi as
asneiras que estava falando. Segurei a boca e arregalei os olhos, que desastre!
— O irmão dela vai casar, e o ex namorado vai ser o padrinho, mas ele está
namorando uma moça linda, que foi nossa amiga de faculdade.
— Mas ela não se formou! — precisava dizer aquilo!
— Tá bem... Por quanto tempo vai precisar de mim?
— O casamento vai ser no feriado em Setembro. — Sel continuou
respondendo por mim.
— Mas tem tempo daqui lá. Demi. — ele me chamou.
— É que haverá uns eventos, ensaio de casamento, coquetéis, chá de
panela e... e... seria estranho...
— Se você aparecesse no dia casamento, do nada com um namorado. —
ele pega as coisas rápido.
— É.
Ele deu um sorriso aberto, lindo.
— Gosto desse seu “ é”.
Olhei pra Sel e ela envergava a boca pra baixo, um sinal de afirmativo
surgia discretamente em sua mão direita, escondidinho dele.
— Escuta, Demi, a gente não se esbarrou na livraria na terça-feira, acho?
— É. — outra vez esse maldito “ é”, mais parece um pedido de desculpas!
Droga!
— Você é o cara da livraria? — Sel estava boquiaberta — Tá explicado!
— O que? O que tá explicado? — ele olhava curioso pra ela, que me olhava
e eu fazendo que não, ele me olhou e olhou de volta pra Selena, os olhos se
apertando um pouco, a cabeça levemente inclinada... Espera aí! Ele estava
seduzindo minha amiga?
— Ela comprou um livro qualquer só pra ir pra fila atrás de você. — ela falou!
Falou? Quase cuspiu a frase inteira!
— Jura, Demi? — Senhor!!! Cadê um buraco pra eu me enfiar??!! —
Pensei que só quisesse ver o meu livro.
Agora minha boca abriu de vez. Ele percebeu! Que merda do caralho!
— Eu... eu... — bebi a tequila de uma vez!
— Como não perceberia, você estava “ lendo” uma revista de ponta cabeça.
— escondo meu rosto em uma das mãos — Por isso deixei você matar sua
curiosidade, claro, depois de ficar brincando um pouco com seus contorcionismos.
Ele ria livremente da minha cara, estava absolutamente à vontade, que homem é esse??
Ele mordeu o lábio antes de continuar falando.
— Mas achei bonitinho.
Eu ri um sorriso amarelo.
Então ele olhou no relógio, suspendeu as sobrancelhas e se levantou,
instintivamente me levantei também. Joe deixou o copo no bar e se
dirigiu à porta.
Pelo menos consegui ir até ele e abrir a porta.
— Sel, prazer em conhece-la. Demi, como no seu caso não tem sexo,
são trezentos Reais por dia ou obviamente cento e cinquenta por meio
período de evento, você tem meu telefone, se resolver alguma coisa.
Se aproximou de mim, era bem mais alto que eu, cheiroso demais, segurou
no meu queixo me olhando nos olhos, pensei que fosse me beijar, meu
coração pulando feito louco no peito! Fechei os olhos.
Joe se inclinou 

Continua...


Se tiver comentário posto o quarto ainda hoje!!! s2 s2 s2 s2 s2

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Segundo Capítulo.

Segundo Capítulo


— Não sei. Ah Sel! Nem sei o que me deu, foi meio que um... — jogava
meu corpo pra frente — ... um impulso, louco!
— Você é louca. Gente, devia ser uma coisinha esse homem...
— Gato. Muito.
— E você nem puxou assunto com ele? Uma fila daquelas?
— Ah! Nem lembrei, estava mais interessada em ver o livro que ele pegou.
— Qual foi?
— Grandes Sertões Veredas.
— Hmmm.... culto.
— Porra!!! — agora fui eu quem fez vergonha falando um palavrão em alto e
bom som — Foi isso que eu pensei! Exatamente isso! — praticamente sussurrei.
Bebemos nosso café e fomos embora, ainda haviam muitos contratos para
serem analisados e eu não tinha patrão, tinha chefe, o cara era um escroto,
narcisista filho da puta, mas não vou mais falar dele, já gastei algumas
linhas só de lembrar dele e não vale a pena, sério, não vale.
Aquela semana foi louca, procurei em vários anúncios, mas nenhum se
enquadrou no meu perfil ideal, começava a achar que eu não tinha um perfil
ideal.
Fiquei repassando mentalmente a péssima quinta-feira.
Sel estava comigo o tempo todo, e fazia cada careta...
Entrevistamos cinco caras, no meu apartamento, o que fez minha melhor
amiga ficar super nervosa, mas eu iria encontrar com eles aonde? Na lanchonete
da esquina??
O primeiro era muito mais baixo que eu, até era legal, mas não ia rolar...
O segundo só falava espanhol, então, não.
O terceiro era lindo, charmoso e.... tinha um tique nervoso de ficar passando
o dedo na língua, nem pensar!
O quarto tinha pinta de viado.
O quinto ficou mais interessado na Sel que em mim, ele mal me olhou!
Suspirei fundo, isso não estava indo nada bem e o casamento era pra
poucos meses. Merda!
Finalmente consegui dormir, mal, um frio da porra no meu apartamento.
Acordei de mal humor, o chuveiro demorou pra esquentar, me atrasei com o
café... sabe dia que começa estranho? Foi aquela sexta-feira.
Começou e seguiu na estranheza. Meu chefe dando esporro em todo
mundo, falando da porcaria do time de futebol dele, ah! Que inferno!
Discussão acalorada com um fornecedor, almoço trocado, Meu Deus que dia!!!
Pra completar, o desgraçado do Liam, o chefe escroto, deixou uma pilha do
tamanho do Everest de documentos de seguro de vida atrasados pra minha
amiga resolver, então obviamente que dali ela não sairia tão cedo, e se não fosse
um cara chamado Logan, com quem marquei pra conhecer, sem dúvida ficaria com
ela, ajudando.
Ao menos Logan era pontual, e bonitão, com umas entradas no cabelo, mas
no geral era legal e educado, usava um perfume barato, mas sabia falar de
muita coisa. O nome dele na verdade era Longabrino, não consegui evitar a risada,ele
não ligou muito de eu estar rindo, acabamos marcando para o sábado, assim
a Sel poderia conhece-lo e validar.
* Inacreditável! Sábado quase nove da noite e
nada do cara aparecer, ligou
dizendo que a mãe dele estava com apendicite!
— E agora, Demi?
— Sei lá, acho que vou procurar na internet.
— Tá louca?? Pode aparecer um sequestrador, um estuprador, um
assaltante!
— Relaxa, Sel! Vamos olhar... sem compromisso...
— Ainda acho que deveria ligar pra agência de acompanhantes...
Puxei o notebook e digitei no site de busca garoto de programa, ficamos passando umas fotos, até que meu olho bateu num sem rosto, tirou a foto com o celular, pegando uma parte do queixo, o tronco super bem definido e uma parte de seu membro.
Sell e eu nos olhamos ao mesmo tempo.
— Demi, olha isso, amiga!
— Tô olhando mas não tô crendo, ah... isso deve ser photoshop.
— Essa coisa tem a espessura de que? Uma lata de Coca-Cola?
— E não adianta nada se tiver o tamanho da lata também... — mostrei a
mão fazendo sinal de pequeno.
— E que diferença faz? Você não vai transar com ele!
— O que você acha?
Na mesma hora Sel abriu um sorriso enorme e arregalou os olhos.
— Liga ué. Aqui, — ela me passou o celular dela — usa o meu que tem
identificação bloqueada.
Liguei para o número, não atendeu.
Liguei mais duas vezes, nada.
— Tenta mais uma vez, de repente ele tá em "atendimento". — Sel falou
com tamanho deboche que começamos a rir.
— Tá legal, última vez, senão a gente procura outro.
— A gente, não querida, você. Não sou eu quem cismou em alugar um
namorado só pra aparecer acompanhada na frente do ex.
— Até parece que você não conhece o Wilmer...
— Ah! Liga logo pro gostosão da foto.
Liguei, ele segundo toque.
— Alô?
 
Continua...

Muito obrigada pelo comentário Talita ferreira, fico feliz que tenha gostado!!!